
Infelizes aqueles que se permitem conduzir pelos ditames dos falsos deuses visibilizados nas ideologias epocais e no frenesi da última moda (cf. Lc 16,19-31), agigantando o fosso entre ricos e pobres. As suas alegrias, fugazes e efêmeras, não pavimentam o caminho para a eternidade. Ao contrário: roubam-lhes a inaudita possibilidade do céu já aqui na terra.
Ninguém está privado do céu. Ele é um presente que Deus oferece em sua liberalidade. Caso assim não o fosse, ficaria impossível afirmar Deus caritas est, secundado pela tradição bíblica (cf. 1ª. Jo 4,12). É preciso, contudo, passar pela porta estreita (cf. Lc 13,24) e comportar-se de modo sempre samaritano (cf. Lc 10,29-37). Numa palavra: ter um coração agradecido!
Alguém questiona: o inferno existe? A Teologia responde: sim. Trata-se de uma lamentável e terrível possibilidade de opção. Contudo, não se pode afirmar como um castigo de Deus – amor e bondade – sempre cuidadoso em salvar o homem. Mas, pode ser pensado como uma lamentável possibilidade já presente e construída ao longo da existência histórica e confirmada no momento final (cf. Mc 14,17-21). Parafraseando Antoine Saint-Exuperry, “tu te tornas eternamente responsável por aqueles que cativas”, pesarosamente, afirma-se: tu te tornas eternamente responsável pelos muros que constróis!
Deus, o Pai de infinita bondade, nos inspira a desejar que ninguém escolha, em definitivo, a existência infernal. Esse desejo de querer que todos se salvem não é uma nova apocatástases, mas uma pulsão que a Graça nos concede. É a alegria de saber que alguém retomou o caminho da vida e, no percurso da Bondade, foi perdoado (cf. Lc 15,11-32).
Orientados pela força da Palavra, que se fez carne, busquemos o céu aqui na terra, vencendo a insanidade do inferno, mesmo experimentando o purgatório, situação, com exceção de Maria Santíssima, comum a todos os mortais. Urgente para tanto é vencer toda a astúcia cainesca construtora de fratricídios e assumir o conselho de Jesus: “amai-vos uns aos outros como eu vos tenho amado” (cf. Jo 13,34)!
Santo! Santo! Santo! É o Senhor Deus criador. O céu e a terra proclamam vossa glória! Hosana nas alturas, cantam os Querubins, Serafins e os Santos aureolados e sem aureolas! Unamos nossas vozes àqueles que nos precedem e já gozam da visão plena do Deus justo e verdadeiro. Que a oração em memória dos fieis falecidos nos conduza a uma verdadeira metanoia: busquemos o Reino de Deus e tudo mais nos será acrescentado (cf. Lc 12,31).
José Augusto da Silva
Pároco Matriz São José de Machado (MG) e Professor FACAPA de Pouso Alegre (MG)
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