Ao impor as cinzas nos fiéis o Celebrante irá anunciar: “Lembra-te que és pó e ao pó tornarás” ou a outra antífona: “Convertei-vos e crede no evangelho!” A primeira alocução nos liga ao início da Sagrada Escritura, quando se diz que Deus fez o homem de barro, e lembra muito concretamente o que sobra do corpo humano. Viemos do barro e voltaremos ao pó. Mas sobre o barro que somos, Deus soprou sua vida divina (cf. Gn 2,7) e nele plantou sementes incorruptíveis (cf. 1 Pd 1,23). Nosso destino nunca foi o pó e nem será. Nosso destino é o horizonte da imortalidade, a vida eterna. Por isso, a ressurreição de Jesus é a garantida da nossa sobrevivência, se formos fiéis ao seu Evangelho de Salvação, conversão sincera e a reta mudança de vida e de comportamento.
As cinzas nos alertam para as nossas origens e para a nossa morte corporal, nossa origem divina e destino eterno.
O Tempo da Quaresma tem exatamente o significado de morrer para a velha vida e renascer para a vida da santidade. Ou como nos ensina São Paulo, Apóstolo das Gentes, de “nos despojar do homem velho e corrompido... para nos revestir do homem novo, criado segundo Deus, em justiça e verdadeira santidade”(cf. Ef 4,22-24).
O homem, quando queima no fogo da penitência seus apetites mundanos e seus ídolos, o que sobra são cinzas castas, um coração puro, inteiramente pronto para, da morte, passar para a vida eterna. Devemos gemer de dor pelos dores dos pecados e erros cometidos. Por isso, as cinzas devem significar uma morte a um passado errado e o compromisso de uma vida nova para o dia de amanhã. Causa dor a muitos que, vendo o erro, mesmo procurando uma conversão sincera, não conseguem de muitos irmãos e irmãs de caminhada uma compreensão de sua conversão sincera e de seu propósito de vida. E isso brada aos céus, que pede que perdoemos os pecadores arrependidos quantas vezes forem necessárias, para que sejam associados ao Reino de Deus.
A cinza, simbolizando a dor e o sofrimento dos pecados, nos quer lembrar que a Quaresma quer ser um retorno aos valores duradouros. É um propício templo de reflexão sobre a transitoriedade das coisas, por mais ricas, preciosas e caras que sejam. As coisas deste mundo, lembra o salmista “são como a erva: de manhã floresce e viceja, de tarde murcha e seca”(cf. Sl. 90,6). Também a palavra e as promessas humanas passam. Viva e eterna é a palavra Salvadora de Deus (cf. 1Pd 1,23). O tempo da Quaresma, portanto, é propício para fazermos um balanço das coisas perecíveis e das coisas eternas.
Que as cinzas, impostas em sinal de Cruz na fronte de cada fiel, oriundo dos ramos do domingo de Ramos do ano precedente, nos lembre a Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, nos lembrando que é preciso morrer para o pecado, porque é morrendo que se vive para a vida eterna.
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